domingo, 30 de setembro de 2012

Reféns da modernidade

Acordei hoje, domingo, as 9:33, fui tomar café na casa da minha mãe como de costume. Cheguei lá a véia já estava tirando tudo da mesa, pois, eles acordam com as galinhas. Peguei um café com leite, mas o leite já estava meio frio. Automaticamente dirigi-me ao micro-ondas, mas fui avisada de que não havia energia elétrica. Esquentar o leite só no fogão. Ah... estava com muita preguiça. Joguei mais café dentro do leite para chegar a temperatura que eu queria. Desci para minha casa e como de costume liguei o pc... Mara, sem energia elétrica, sem internet por que o cabo do wireless fica lá em cima, sem chance. Pensei em ver um filme na sky, mas isso não é possível sem ela também. Fui dar uma geral na minha casa então. A vassoura, o rodo e o pano de chão não precisam de energia elétrica. Já adiantei o serviço de segunda feira, aproveitei a falta de energia para limpar a casa. Lavei as louças da noite passada, recolhi os panos de louça para lavar. Fui até a máquina e automaticamente coloquei as roupas que eu queria lavar dentro dela, quando voltei à realidade: não há energia elétrica. Tudo pronto, casa arrumadinha, louça lavada, venho ao pc para escrever, é o que me resta e isso por 2 ou 3 horas e sem usar imagens no pc para não gastar energia excessivamente. Como somos reféns das coisas que nos cercam! Tão reféns que ficamos insistindo em fazer coisas do qual precisamos de energia, já sabendo anteriormente que boa parte do nosso domingo estaria sem energia elétrica em virtude de uma manutenção no poste ali na frente de casa. Somos tão reféns que nem assim soubemos programar um passeio no parque, uma volta por ai. Queremos tudo ao mesmo tempo, ter tudo e poder escolher o que fazer. Não aceitamos com muita facilidade que as coisas nos sejam impostas, quando noutra oportunidade largamos nossa casa um dia inteiro por um belo passeio ou um encontro com os amigos, mas nesse dia que não temos o que queremos, queremos exatamente o que não podemos ter.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Cheiro de infância

Sempre que viajo e vejo uma imagem dessas, com rancho, criação de animais, uma casa em estilo europeu, lembro da minha infância. Lembro do meu avô trazendo um saco de casquinhas de sorvete que ele buscava na Duas Rodas para nós crianças,a netareda, sairmos brincando e comendo as casquinhas. O velho rancho tinha uma vaca, as vezes um bezerro e alguns porcos.Uma máquina grande de cortar o trato onde eu e meus primos nos divertíamos, cortando o trato e pulando por cima dela. Tinha também um grande quadrado de madeira onde se estocava o milho, onde nos refestelávamos e nos esparramávamos entre o milho. Brincávamos de esconder pelo rancho todo que era enorme para nós crianças. Cheios de ferramentas e coisas usadas na roça pelos meus avós. O galinheiro ficava do outro lado, com galinhas, patos e marrecos. Ali não podíamos chegar perto, as galinhas estavam colocando ovos. Havia um grande pasto cheio de goiabeiras onde na época dos frutos fazíamos guerra de goiaba podre. Nossa diversão predileta era a noite com lanternas nas mãos, brincar de polícia e ladrão. Voltávamos para dentro de casa fedendo de goiaba podre. Comíamos as goiabas também e com certeza comemos muito bicho de goiaba sem perceber. Todos os anos perto da páscoa os pés de tangerinas ficavam carregados e eu sempre ficava doente de tanto comer tangerina verde. São lembranças deliciosas da minha infância, lembranças de pé no chão, pés imundos que não tinha escova que desse jeito. Lembranças de canelas arrebentadas e furadas de tanto correr pelas roças cheias de sepos e paus.Coisas que as crianças de hoje não conhecem mais. Meus filhos ainda puderam viver um tanto disso, já meus netos não terão mais essa oportunidade uma vez que o velho rancho, o pasto e a roça já não existem mais.ons Bons tempos!