terça-feira, 27 de novembro de 2012

No calor do fogo

A noite passada sonhei com o fogo. Alguém me conduzia a beira do fogo. Senti seu calor, vi mil matizes... de vermelhos, amarelos, azuis, brancos, pratas e até os pretos, negros da escuridão, se é que se pode ver na escuridão... Lembrei de um texto de minha amiga Ana, que fala do rio mas é inspirada pelo fogo.

                                                                 ACOLHA 
Início da fogueira na beira do rio. Pedras, muitas pedras dos mais variados tamanhos, formas, cores, criando uma diversidade de movimentos na água que passa sobre elas, entre elas, por baixo delas, ao lado delas... dando permissão para doces brincadeiras, formando as imagens mais magníficas! E o som? Uma orquestra, onde participam o farfalhar das folhas, o cantar dos pássaros, e presenteia com prismas de cores mais translúcidas... A mata, a mata protege esse rio, o nome do rio? Não tem importância! Porque sempre temos que dar nomes, rotular? É um rio... acolhe foi a orientação. O rio me acolhe, eu acolho o rio, eu sinto o rio, o rio me sente, eu estou no rio e o rio está em mim. O rio e eu estamos em unicidade neste momento. Ele me mostra, eu sinto, eu respiro e vivencio... Assim como esse rio, eu Ana, tenho que vivenciar todas as memórias, e elas passam céleres, vagarosas, formam redemoinhos, quedas, escorregam por cima de todas as pedras que estão no caminho. Em certos pontos, as pedras tentam segurar, represar, reter a água, assim como eu seguro represo, retenho memórias que tem que passar, fluir livremente, para eu Ana, seguir meu curso, alcançar minha plenitude como um ser de Luz e Amor! Assim como os bambus se envergam com a passagem do vento, muitas vezes a beijar a água, e com sua essência divina retornam a sua posição que foi a determinada de ser. Vejo com os bambus que é com flexibilidade, tolerância que alcanço minha estabilidade em Deus. Penso agora na fogueira, olho para o fogo e me recrimino por estar poluindo o rio... e penso: assim como esse fogo está limpando toda minha poluição espiritual, a mãe natureza que é sábia, vai trazer a chuva e com ela o volume do rio aumenta, e leva toda a poluição que está aqui...e toda a poluição que estava estagnada em mim. Respirando o Fogo, expandindo minha respiração para aumentar a capacidade, e limpar! Assim será! - Ana Maria Cola


Lindo querida Ana! Não era você que me conduzia ao fogo ontem a noite, mas o meu sonho levou-me a você e esse seu texto tão bem descrito das sensações que vivemos. Que essa luz e calor do fogo traga cada vez mais e mais amor entre nós, entre os nossos, entre todos.
Deixo uma música para ilustrar o momento - clique aqui

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Papo de Mulher

Noutro dia eu estava com as unhas feinhas e meu mano me falou: porra que unha feia...kkkkkkkk. Eu respondi: venceu a validade meu irmão, é hora de pedicure! Incrível como uma mulher pode sentir-se feliz ao fazer as unhas dos pés. Eu fiz as minhas hoje, estou me sentindo limpa novamente... kkkkkkkkk. Desde ontem eu aproveitei minhas horas para cuidar da minha saúde física. Fui ao ginecologista e depois de meses de tratamento recebi a notícia de que meu endométrio está com um tamanho normal. Ele andava um tanto espesso, eu tinha cólicas, inchaços antes de menstruar e nos dias da “mardita” eu não menstruava, eu “MONSTRUAVA”!!!! Fui ao dentista para dar um upgrade na minha arcada dentária e alguns dias para tratar, 2 infiltrações, 1 cárie e fazer uma limpeza estarei com a boca em dia...kkkkkkkkkk. Hoje cedo fui ao meu delicioso pilates e para arrematar ganhei uma sessão de micro-fisioterapia da minha tão dedicada personal fisical Karine Stella Andreata. Muito querida e carinhosa, faz com que a hora de suor seja agradável e cheia de prazer. Aproveitei as idas e vindas na rua para comprar umas besteirinhas para agradar meu neto lindo que vem passar umas horas comigo amanhã. Fechei o dia na companhia do meu irmão, cunhada e filhas tomando uma geladinha e fazendo um lanche gostoso. O que eu quero mais? Unhas feitas, saúde em dia, sede e fome saciadas, só me falta o banho da purificação e deitar no berço cheiroso, esperar que Morpheu estenda seus braços e eu me aconchegue.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Com os olhos de quem "Quer Ver"

Cada dia dos meus últimos dias vivo um momento especial em minha vida. Estou feliz! Qualquer um perguntaria o que me fez feliz assim e eu respondo: nada de mais, eu sou! Vejo beleza em tudo. Percebo energia em tudo que me cerca. Tenho saudades dos amigos que estão longe e sinto o calor daqueles que me cercam. Sinto-me seduzida pelos que estão próximos e sinto conexão com os que estão longe. Coloco as coisas negativas numa outra pasta, vou revê-las depois, em outro momento. Num momento apropriado, num momento que eu ache que possa fazer algo para mudar. Agora só me importa sentir aquilo que me conforta, que me aquece. Egoísta? Pode ser! Mas é. Procuro antes de tudo o meu bem estar. Eu jamais poderia me doar para ti antes de doar-me a mim mesma.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Que Tom é esse?

No dia 12 de outubro eu saí cedinho de casa em companhia de meus amigos Magoo e Solange em direção a um retiro de renascimento e purificação espiritual na Pousada Monte Crista com Tom Cau e Neusa Corrêa. O lugar é lindo e maravilhoso, estava voltando as minhas origens de andar no mato, estar em contato com a natureza, coisa que fiz minha infância toda na casa dos meus avós. O ar puro, o canto dos pássaros, o verde abundante, o som das quedas do rio que circunda a pousada, tudo era maravilhoso. Ao mesmo tempo quando começamos as dinâmicas de grupo, com as técnicas de respiração eu pensei: o que que eu estou fazendo aqui? Essa impressão foi apenas o choque da minha poluição mental com tanta beleza e bem estar. Vivemos tão condicionados a tecnologia e a vida urbana que no primeiro momento um lugar assim nos choca. Sem telefone, sem internet, sem televisão, sem contato com ninguém do mundo de fora, eu estava num outro mundo. No segundo dia eu já era parte daquilo e não tinha a mínima vontade de ter contato com nada de fora dali. Acordando cedinho, com meditação as 7 da manhã, o abraço de bom dia de todos com carinho, meu dia já começava maravilhoso. Além de toda a beleza do lugar, a comida vegetariana deliciosa, tínhamos o carinho de Tom e Neusa.Que carinho com que esses dois conduzem tudo!! Vivenciei memórias do meu passado, boas e não boas, renasci do útero materno e pude ver que eu fui gerada com amor e esse amor se estabelece na minha vida até hoje. No entanto as agruras que passamos na vida e mais essa vida louca que levamos apaga da nossa memória todo esse sentimento que é maravilhoso. Quebrei barreiras físicas inclusive. Eu com meus "probleminhas" ortopédicos estava ficando cada vez mais encalacrada dentro de mim mesma. Andei no meio do mato com todos, subi e desci ribanceiras de rio como se estivesse reaprendendo a andar e vi que eu ainda posso muito, bem mais do que eu me permitia. Acompanhar os colegas em suas memórias, vivenciar com eles foi perceber o que realmente é sermos um só. Só quem vivencia isso tem noção da profundidade disso. As mazelas dos outros me fez sentir até estúpida sobre as minhas. No entanto as alegrias dos outros preencheram o meu coração e é só se enxergando no outro que podemos ter noção realmente disso. Os momentos em volta do fogo foram maravilhosos em companhia de meus colegas de retiro. Cantoria, piada, risadas com fartura, sem barreiras e censuras. Éramos nós mesmos lá, com simplicidade, de coração aberto e sem cerveja...ahahahaha. É possível rir muito, mesmo sem essa "loura maldita". Hoje eu tenho irmãos de renascimento que mesmo há poucos dias de distância já me causam saudades, mas não é uma saudade ruim, ela é gostosa pois põe sorriso em meus lábios cada vez que deles lembro. Vou ser grata aos meus amigos Magoo e Solange pelo resto da minha vida,por me proporcionarem isso por que a Mara de agora é uma Mara melhor que antes. Cada um dos que estiveram comigo hoje estão aqui no meu coração. - Quem conduziu isso para que me sentisse assim? - O Tom. - Que Tom é esse? - Esse Tom é "Amor"

domingo, 30 de setembro de 2012

Reféns da modernidade

Acordei hoje, domingo, as 9:33, fui tomar café na casa da minha mãe como de costume. Cheguei lá a véia já estava tirando tudo da mesa, pois, eles acordam com as galinhas. Peguei um café com leite, mas o leite já estava meio frio. Automaticamente dirigi-me ao micro-ondas, mas fui avisada de que não havia energia elétrica. Esquentar o leite só no fogão. Ah... estava com muita preguiça. Joguei mais café dentro do leite para chegar a temperatura que eu queria. Desci para minha casa e como de costume liguei o pc... Mara, sem energia elétrica, sem internet por que o cabo do wireless fica lá em cima, sem chance. Pensei em ver um filme na sky, mas isso não é possível sem ela também. Fui dar uma geral na minha casa então. A vassoura, o rodo e o pano de chão não precisam de energia elétrica. Já adiantei o serviço de segunda feira, aproveitei a falta de energia para limpar a casa. Lavei as louças da noite passada, recolhi os panos de louça para lavar. Fui até a máquina e automaticamente coloquei as roupas que eu queria lavar dentro dela, quando voltei à realidade: não há energia elétrica. Tudo pronto, casa arrumadinha, louça lavada, venho ao pc para escrever, é o que me resta e isso por 2 ou 3 horas e sem usar imagens no pc para não gastar energia excessivamente. Como somos reféns das coisas que nos cercam! Tão reféns que ficamos insistindo em fazer coisas do qual precisamos de energia, já sabendo anteriormente que boa parte do nosso domingo estaria sem energia elétrica em virtude de uma manutenção no poste ali na frente de casa. Somos tão reféns que nem assim soubemos programar um passeio no parque, uma volta por ai. Queremos tudo ao mesmo tempo, ter tudo e poder escolher o que fazer. Não aceitamos com muita facilidade que as coisas nos sejam impostas, quando noutra oportunidade largamos nossa casa um dia inteiro por um belo passeio ou um encontro com os amigos, mas nesse dia que não temos o que queremos, queremos exatamente o que não podemos ter.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Cheiro de infância

Sempre que viajo e vejo uma imagem dessas, com rancho, criação de animais, uma casa em estilo europeu, lembro da minha infância. Lembro do meu avô trazendo um saco de casquinhas de sorvete que ele buscava na Duas Rodas para nós crianças,a netareda, sairmos brincando e comendo as casquinhas. O velho rancho tinha uma vaca, as vezes um bezerro e alguns porcos.Uma máquina grande de cortar o trato onde eu e meus primos nos divertíamos, cortando o trato e pulando por cima dela. Tinha também um grande quadrado de madeira onde se estocava o milho, onde nos refestelávamos e nos esparramávamos entre o milho. Brincávamos de esconder pelo rancho todo que era enorme para nós crianças. Cheios de ferramentas e coisas usadas na roça pelos meus avós. O galinheiro ficava do outro lado, com galinhas, patos e marrecos. Ali não podíamos chegar perto, as galinhas estavam colocando ovos. Havia um grande pasto cheio de goiabeiras onde na época dos frutos fazíamos guerra de goiaba podre. Nossa diversão predileta era a noite com lanternas nas mãos, brincar de polícia e ladrão. Voltávamos para dentro de casa fedendo de goiaba podre. Comíamos as goiabas também e com certeza comemos muito bicho de goiaba sem perceber. Todos os anos perto da páscoa os pés de tangerinas ficavam carregados e eu sempre ficava doente de tanto comer tangerina verde. São lembranças deliciosas da minha infância, lembranças de pé no chão, pés imundos que não tinha escova que desse jeito. Lembranças de canelas arrebentadas e furadas de tanto correr pelas roças cheias de sepos e paus.Coisas que as crianças de hoje não conhecem mais. Meus filhos ainda puderam viver um tanto disso, já meus netos não terão mais essa oportunidade uma vez que o velho rancho, o pasto e a roça já não existem mais.ons Bons tempos!

quarta-feira, 14 de março de 2012

O dia em que me senti um cocô

Hoje aqui sentada na frente do meu pc, pensei em algo que aconteceu há muito tempo e primeiramente pensei: por que estou pensando nisso agora, é algo resolvido! No entanto meu pensamento insiste em registrar isso e algo vem dizendo: vamos passar isso a limpo? Pois bem, lá vamos nós.
Há anos eu tive um amigo que frequentava minha casa e sentia-se muito mal. Vinha aconselhar-se comigo e eu dei todo o meu apoio. Ele era parceiro de festas de rodas de viola e de amigos em comum. Lamentava-se constantemente das agruras que a vida sentimental lhe causara e encontrou em mim o ombro amigo, o ouvido sempre alerta e a mão estendida. Tinha-o realmente como um amigo. Jamais alimentei alguma ideia de ter algum envolvimento com ele por isso foi fácil poder orientá-lo e fazer com que pudesse andar sozinho novamente com suas próprias pernas. Eu o curei, o tempo passou e acabamos perdendo contato. As comunicações eram cada vez mais escassas, eu senti um tanto a falta dele por que a sua presença de certa forma também me completava. Éramos grandes amigos, de confessar coisas íntimas, enfim, amigos mesmo.
Um belo dia na balada, topei com ele e me deu a notícia de que estava casado. A princípio parabenizei, mas, em seguida entristeci. Pensei: que ser era aquele que por um tempo foi tão dependente dos meus conselhos, me confidenciava tudo e não me participou de algo tão importante? Senti-me jogada no lixo. Chorei muito, tanto que foi até feio naquela noite, perante meus amigos. Chorei copiosamente e não sabia explicar para ninguém o que realmente estava acontecendo. Depois dei muitas gargalhadas disso tudo, mas, na ocasião fiquei muito mal. Tive que me dirigir a algumas pessoas, inclusive ele e pedir perdão por tamanho papelão.
Por que hoje eu estou revivendo isso? Por que só agora eu caí em mim que tive uma tremenda de uma catarse. Sob a ótica da psicologia, catarse é o experimentar da liberdade em relação a alguma situação opressora e naquele momento foi a maneira que encontrei de fazer aquilo.
Hoje já bem mais amadurecida percebo que não foi tão ruim assim o que na época achei um desastre. Eu estava exposta para todos, vulnerável, mostrando os meus sentimentos. É possível que muitos tenham me achado doida, como sempre pensam ou que eu tivesse bebido demais. Eu estava apenas sendo eu mesma.
Parece que vamos morrer quando uma coisa assim acontece, tamanha é a dor no nosso coração e elas nos marcam para o resto da vida. Ficam registradas e marcam a nossa história e trajetória por esse mundo louco em que vivemos. Hoje completamente refeita consigo medir bem o que eu senti naquele momento e consigo também ver o quão frágil eu fui um dia por uma coisa “aparentemente” tão insignificante.