quinta-feira, 30 de abril de 2009

Doce Deleite. Meia ou inteira?

No domingo, dia 26 de abril fui ver a peça Doce Deleite. Amei, ri muito, fiquei encantada com o trabalho de Reynaldo Gianechini e Camila Morgado.
O início da peça aborda um assunto que vou discutir aqui, que é a questão de pagar meia ou inteira no teatro e os convidados.
Aqui na minha cidade a idéia é popularizar o teatro, só que vai ser bem difícil isso acontecer com os valores dos ingressos cobrados.
Por ocasião da vinda de outra peça com atores "globais" já discutiamos sobre a falta de patrocínio, valores que não correspondem a realidade do povo, sendo assim, praticamente inviável essa popularização que se almeja.
Quem paga meia? Estudantes, idosos e portadores de deficiências físicas, certo? Só que os estudantes que eu vi em Doce Deleite, em sua grande maioria eram pessoas que estão colocadas no mercado de trabalho, tem renda, são aquelas pessoas que depois de curtidas resolveram fazer uma faculdade para sua própria realização pessoal, com raras exceções. Nada contra isso, mas, contra este tipo de estudante pagar meia entrada. Sempre entendi que o estudante(que paga meia) é aquele que ainda depende dos recursos da família ou de bolsas para estudar, mas tudo bem, vá lá, tá?
Que tipo de idosos eram aqueles que estavam lá na peça? Todos são empresários, administradores e pessoas de posses. Vi todos lá, vi o fulano de tal, o cicrano de tal, o beltrano de tal, só gente que tem muita grana, muita mesmo. Portadores de deficiências não vi nenhum.
O ator faz menção no início da peça a essas meia-entradas, comentando: -puxa como vocês gostam de teatro, hein? E essa para mim, foi na vêia. A platéia riu, eu também, mas, sarcasticamente em homenagem a todo aquele povo de grana que lá estava pagando meia. Ainda lembro da cara da "fulana de tal" logo a minha frente, que lançou um olhar de vergonha a colega "beltrana de tal" que estava ao lado. Lembro também da que estava atrás de mim e o comentário que fez: - pena que eu não posso rir. - É verdade, eu também, não podia, paguei inteira.
Não me entendam mal nessas colocações.O que quero dizer aqui, não é por inveja por não poder fazer isso, não é revolta, mas, simplesmente uma análise lógica do por que as coisas não se realizam conforme os sonhos. Ora pois, se estes todos que pagaram meia entrada, pagassem inteira, iria baixar o valor do todos os ingressos e aí sim ter uma chance de popularizar o teatro. 60,00 reais uma inteira, não é barato num país onde as pessoas são tão mal remuneradas. Desde quando o "povo" realmente poderá pisar no teatro desta forma? Só quando há eventos da administração pública ou mesmo do empresariado, mas aí ficamos a mercê de discursos demagógicos com fins eleitoreiros e tudo mais. Nada contra também, no entanto, se mudasse essa sistemática toda de cobranças, todos pagaríamos bem mais barato para ver uma peça deste nível e então quem sabe assim levar ao teatro pessoas que não tem tantas posses e popularizar realmente.
É claro que isto é lei, mas, neste país até esse tipo de lei é furada.
Quanto aos convidados, ai sim me revolta pois fica impossível no teatro aqui na minha cidade você conseguir um lugar, mesmo se quisesse pagar o dobro, da quinta fila para frente ou mais até, dependendo da fama do evento.Você paga inteira e fica na bunda do teatro. Mas olhaaaaa, não teve uma peça, show, nada até hoje, que mesmo eu comprando o ingresso antecipado conseguisse sentar da metade para frente. Que coisa hein? Se você for comprar ingressos, dá uma olhada no mapa da platéia, tem reservado pra lá, pra cá, borori e bororó. Como faz para reservar, será, hein? Vou ficar ligada da próxima vez...
E os patrocinadores que querem ingresso de graça? Isso é uma coisa que quem trabalha com a produção conhece. O cara patrocina um pau e quer 10 ingressos..kkkkkk, chega a ser ridículo.
Bem, não quero com isso dizer que achei injusto o valor cobrado para ver tão boa peça eu pagaria até bem mais. Quando se gosta realmente não se mede o bolso e eu já fiz dessa loucuras sem arrependimento algum. Só acho injusto tanta gente abonada se prevalecer para economizar algumas quirelinhas.
E ai? O que acham? É meia ou inteira?
Todo o prazer só é prazer realmente quando ele é por inteiro. É uma analogia meio tosca...hahahaha, mas é a minha.
Larguem de ser mãos-de-vaca, carcamanos, o prazer não tem preço! 60 paus, a metade do valor do sapatinho básico que você compra para bater pernas na rua, madame! Você compra, usa e joga fora. O teatro, as imagens, o prazer, ficam gravados na sua alma para o resto da vida.
Acharam que eu ia contar da peça é? Demora! Isso é só para quem se dá ao prazer de gastar por prazer.
É inteira sim, com prazer! Doce Deleite é um prazer! O teatro é um prazer!

7 comentários:

Marrod apenas Marrod disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marrod apenas Marrod disse...

É a gente vê tanta coisa estranha nesse mundo artistico, tanta coisa que chega a assustar e não que eu seja a favor disso ou daquilo, se não fosse alguns senhores que ficam a tirar certas vantagens, com certeza muita coisa seria evitada, a desigualdade de valores é impar e os que tem condições ainda tiram proveitos do que seria de bom tom deixar para os mais necessitados.... Vai também pra viagens aereas. É de enlouquecer

Lia disse...

Pois é, Mara...Fogo, né?
Teatro é de fato um doce Deleite!!!
Como diz uma música e me falaha amemória acho que dos titãs, " a gente não quer só comida..."
Inteira ou preços módicos para todos. Eu acho. Acho que a cultura deveria ter prioridade, ser mais acessível á população e deveriam haver modos de incentivá-la mais a contento tanto para os atores quanto para a população ávida por isso. Pago- se tiver- o preço que for para ir ao teatro mas se não tiver, como ir? E com isso perde todo mundo! Meia entrada para quem pode, tirando de quem não pode????
Deveria haver um "regimento", rs, mais bem elaborado para se seguir! E certas pessoas deveriam tomar chá de "semancol", né não, Mara?
rs


Beijoooooooo

Lia disse...

corrigindooooo:
"falha a memória" e ainda uma vírgulazinha logo após!

Mara disse...

Lia
é sim amiga, é exatamente este o ponto, o simancol.
O ator foi incisivo no comentário,mesmo brincando e sabe que eu nunca havia me dado conta disso, realmente? Vi naquele dia com os olhos que a terra há de comer. É tudo no país, dessa forma, não é mesmo? O teatro não deixaria de ser diferente.

Marrod
Viagens aéreas? Pode ser, não tenho experiências no ramo. Vou começar a passear de avião para ver qual é! kkkkkkk

Beijos e obrigada pelo comentário dos dois ;)

zeca Jr disse...

Concordo em número, gênero e grau com minha querida Scharôa (Apelido do tipo: Eu sei oque vocês fizeram no verão passado - kkkkkkk), são essas senhôuras esposas de nãoseiquem, do Dr. Pafuncio Oligofrênio Netto, que chegam por exemplo, numa repartição pública, enxergam aquela fila enoooooooorme de pessoas "normais" (como eu, você que está lendo esta postagem aqui) e dizem aos atendentes: -Querida (o), tenho que ser atendida já, pois tenho cabelereiro, massagem, shiatsu, acumpuntura e Yoga e não posso perder tempo esperando em filas...Caso seu apelo não surta efeito, lança-se mão do tradicional: Escuta aqui...por um acaso você sabe com quem está falando??? Com certeza, com a senhora mais elegante e mais aprazível do mundo não é! E são justamente essas (conheço bem o tipinho...) as primeiras a beneficiarem-se com tais regalias (como as meia-entradas) assim como fazem quando vão para o exterior e se enchem de roupas de griffe elegantérrimas, mas que o povo não sabe (compraram em brechós, ou em liquidações do tipo "quase de graça") e vem desfilar por aqui como se estivessem usando roupas da mais recente coleção da Maison Dior...Ou aquela madame que recebe em sua casa seus convidados (essa é verídica - eu presenciei), o marido diz que o CD de músicas havia acabado e ela pede se é para virar o disco...kkkkkkk).
Cultura, faz bem a qualquer um...mas desde que esse "qualquer um" tenha acesso a ela...
Viva a meia entrada! É claro, a quem tiver direito a ela...

Mara disse...

Zeca amore
kkkkkkkkk
Eu vou te falar sério... quando saí de lá, saí com uma rinite do caralho.Nunca vi tanto perfume ruim junto...kkkkkkkkk
Lindo, fui barrada por uma dessas Senhouras, morta de inveja, que fez um escândalo quando me viu. Eu toda linda, cheirosa, maravilhosa e classuda que sou, que vc sabe que sou,me questionando pelo meu chiquê. Puta merda, me deu vontade de mandar dar o rabo pro porco, mas me contive diante as celebridades jaraguaenses fofoquísticas... e olha que Moa nem estava lá...hahahah
Ai baixou uma coisa tipo clodovil aqui agora.
More, sabemos bem onde a porca entorta o rabo eu só lamento.
Sabe, to pensando seriamente em morar em São João do Iraperiú.
kkkkkkkkkk
Ah meus tempos de crônicas de jornal, sorte deles que eu não escrevo mais...kkkkk
obrigada querido
beijos