quinta-feira, 7 de agosto de 2008

As pintas nossas de cada um




Um amigo virtual inspirou-me a escrever sobre minhas pintas. Se na postagem anterior eu falei dos amigos virtuais, das mazelas da vida virtual e seus contras, hoje vou abordar o lado positivo. O que seria de mim se não fosse a vida virtual para me inspirar?
Seria eu a mesma pessoa sem minhas pintas? Ando ensaiando para tirá-las cirurgicamente, no entanto me preocupa o fato de que no lugar da pinta terá uma cicatriz. Não seria um risco? A pinta está ali sossegadinha, esteticamente ela pode não ser tão linda, mas e a cicatriz, será que ficará melhor que a pinta?
Tenho uma amiga que trocou as pintas da cara por uma porção de sinais brancos, que é o resultado da retirada delas. Achei que ficou pior do que as pintas.
Tenho uma pequena pinta no seio esquerdo, fico imaginando como eu me sentirei se tirá-la. Ao passar a mão em meus seios todos os dias, minhas mãos já reconhecem isso normalmente como parte de mim. E a pintinha pretinha bem lindinha que tenho acima do umbigo? Ela é referência para que eu reconheça-me a mim mesma no espelho. Dela para baixo meu ventre, meu sexo e minhas pernas. Dela para cima minhas costelas, meu peito, pescoço, cabeça e braços. Ela também serve de referência para a minha terapeuta colocar uma agulha de acupuntura. Disse ela várias vezes: quem pinta bonitinha esta sua, Mara.
Agora, dose mesmo são as pintas da velhice. Todos os dias olho minhas mãos e vejo que elas estão ficando cada vez mais pintadas. Agora além do creme e filtro no rosto não esqueço também as costas das minhas mãos. Surgiu também uma pequena pinta na pálpebra superior do meu olho esquerdo. Esta é um sinal de que a idade já vem pesando, é mesmo uma pinta de velha, tenho que admitir, não posso fugir disso.
O que muda na minha vida com ou sem minhas pintas?
Fotograficamente não há problemas, afinal hoje em dia com qualquer programa de edição é possível tirar estas pintas. Aí entra novamente o mundo virtual, nele posso ser sem pintas, certo? Posso ser a Mara sem necessariamente ser a Mara ou mesmo não ser eu realmente, mas sendo eu mesmo assim... hahahaha
Recentemente, editando uma fotografia de um amigo, pensei em tirar suas pintas e fiquei tempo todo que trabalhei a imagem, pensando:tiro a pinta ou deixo a pinta, tiro a pinta, não, deixo a pinta, vou tirar... hummm, não ficou bom. Deixei as pintas, vai que o sujeito não gosta. Sim, por que tudo isso é tudo muito relativo e varia de pessoa para pessoa. Outro dia editando a foto de uma amiga, ela não gostou de ter tirado os seus pés de galinha. Não sei realmente se não gostou ou sentiu-se ofendida ao descobrir que tinha pés de galinha vendo uma nova imagem, sem, os pés de galinha.
Tudo isso parece tão estúpido, não? Filosofando sobre as pintas, penso o que pode representar para cada um a sua pinta.
Já pensei também se a pinta não é uma marca que cada um de nós temos, como se fosse um identificador. Já imaginou depois de tirar minhas pintas, ter que checar isso tudo? A discussão na porta com São Pedro para identificar-me? Bem, a verdade é que nossas pintas devem ficar gravadas no nosso perispírito, sendo assim não há problemas em tirá-las. Se alguns autores de livros espiritualistas falam no vale dos tatuados, é possível que também tenhamos o vale dos pintados, não é mesmo?
Bem , chega, enjoei de falar de pintas, poderia ficar horas confabulando e fazendo analogias.
Fiquem bem , cada um com suas pintas, as minhas por enquanto continuarão aqui.

Dedico este texto ao amigo Juarez Santos, grande inspirador virtual.

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