sábado, 24 de janeiro de 2009

A felicidade pode estar onde não vemos

Eu tive uma noite ótima ontem, mas acordei meio deprimida, lembrando de um amigo. Vou usar o nome Joca para não expô-lo, mas, os amigos íntimos sabem de quem se trata.

Joca era um cara bonitão, já maduro, que trabalhava com publicidade. Espirituoso como nunca eu vi igual. Arrecadou milhões com o passar dos anos na sua profissão. Teve os melhores carros, conviveu nas “melhores” classes e vivia envolvido com o meio artístico musical.
Porém Joca, cheirou tudo o que ganhou. Foram Audis, BMWs, propriedades e o seu próprio destino.
Joca hoje não passa de um caco humano, envelhecido, quebrado, pois caiu da banqueta de um bar e fez uma grave fratura. Trocou o cheiro pelo trago, os amigos e a família pelo boteco e a vida por uma muleta.
Joca hoje tem a idade óssea de uma mulher de 85 anos, sendo que tem 52 anos. Um fígado com cirrose em nível tão elevado que até se duvida que alguém possa viver assim.
- Joca, hoje quando eu acordei, lembrei dos tempos que você era saudável, da atração que eu tinha por você e tudo que me encantava por você. Todo este encanto foi trocado por um sentimento de asco, me perdoe, mas, não sinto pena de você. E o dia que você passar dessa para a outra e vou me aliviar, pensando que então terás uma chance de talvez na erraticidade cuidar-se um pouco mais. Quem sabe um dia vir para uma nova vida, recomeçando e fazer pelo seu corpo físico tudo aquilo que você não fez nesta vida.
Não vou chorar Joca, já chorei ao saber de você, você se matou, é um morto-vivo.
Até por que tenho certeza que levarás toda a tua espirituosidade e alegria por todos os umbrais que passares.

Este não é um depoimento triste, pessoal, mas, sim um desabafo, não estou triste. Apenas muito consciente de que nós respondemos por todas as nossas escolhas. Joca fez as dele. Como amigo e o amor incondicional que tenho por ele, só tenho que aceitar suas escolhas.Afinal, quem pode dizer que Joca não foi feliz?

2 comentários:

Marrod apenas Marrod disse...

Bom minha amiga li esse relato do seu amigo e sinceramente, não senti nada por ele, afinal ele teve tudo e o jogou pela janela, e o pior disso tudo é que pelo que pude notar é que nem ao amor ele deu a devida confiança e agora além dos maleficios que os já perseguem tem de andar de mãos dadas com a solidão, tá parecendo a triste historia de Policarpo Quaresma. Colhendo tempestade, pois plantou ventos e tendo apenas o céu e as estrelas pra se cobrir....

Lia disse...

Eu senti, Mara, mas não foi exatamente pena dele. De todos nós, talvez que -de vez em quando -escolhemos dobrar uma esquina qualquer e não sabemos mais voltar da floresta pois os passarinhos comeram todo o rastro cuidadosamente deixado para a volta.E não há retorno, né. Não na maioria dos casos.
A gente vive hoje o que fez ontem. Essa também é a pena.
Quem sabe quando cair o véu, a cortina das outras dimensões talvez percebamos que presente-passado-futuro é tudo a mesma coisa. Ou não. Ou somos um sonho de alguém que está dormindo . Ou estamos dormindo sonhando com quem está acordado.
Ah, a vida!
Sei lá, como vc disse, só o Joca saberá se ele, apesar de tudo, foi feliz ou não.
Ih...que eu mesma tô enrolando a língua e as letras aqui!rsrs
[/)]